Publicado por: nataliakeri | 03/04/2009

Isabela

O cheiro instigava-a à infância. Todos os dias, na banquinha os gomos da fruta reluziam sua doçura.

O aspecto sério dela mesma, do prédio espelhado, do segurança, do escritório, do carpete, dos livros não permitiam o lambuzar-se tão desejado.

Intuitivamente, porém, sabia que a vida na enorme avenida era diferente, lá era possível ser anônima, nada chamaria a atenção do povo no corre-corre.

Ao fim de mais um expediente, tirou os trocados da carteira de couro recheada de cartões e adquiriu um pedaço da sua meninice.

Andou com o salto alto o suficiente para penetrar no mimetismo da metrópole, sentou no degrau de uma loja fechada e invisivelmente mergulhou no melado sabor da jaca.


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